Na manhã do dia 9 de janeiro, Dom Agamenilton Damascena presidiu Santa Missa na Capela São José, da Comunidade São José do Caiamar, município de Itapaci, durante a qual ele abençoou essa igreja que foi reformada. Concelebraram com ele, os padres José Maria (pároco) e Adalberto (vigário paroquial). A celebração teve a participação de autoridades civis e militares dos municípios de Itapaci e Nova América, além de vários fiéis.
A reforma da capela é fruto da parceria entre Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca e Promotoria de Justiça de Itapaci, e a Paróquia Santa Maria, Mãe da Igreja, em Nova América. A obra se deu por motivação inicial de Pe. José Maria. Ele procurou os órgãos de Itapaci e apresentou a proposta de envolver os reeducando na reforma que durou três meses. “A capela estava muito deteriorada e, portanto, necessitada de reforma para dar segurança e comodidade aos fiéis, além de garantir a dignidade do templo sagrado. O envolvimento dos reeducando na obra de reforma é uma maneira de favorecer a reinserção social deles e promover a sua dignidade”, explicou Dom Agamenilton.
Comunidade da Diocese de Uruaçu, cuidada pela Diocese de Rubiataba-Mozarlândia
Em sua homilia, o bispo afirmou que se sente em casa na Comunidade de São José do Caiamar, já que ele é padre oriundo da Diocese de Uruaçu, igreja particular à qual pertence a comunidade. “A Diocese de Uruaçu me gerou na formação e no ministério ordenado, é de lá que eu venho, por isso me sinto em casa nesta comunidade e porque aqui e igualmente a fazendinha são cuidadas pastoralmente pela Diocese de Rubiataba-Mozarlândia da qual sou eu bispo”.
Dom Agamenilton fez um apanhado histórico de como a Comunidade de São José do Caiamar passou a ser cuidada pastoralmente pela Diocese de Rubiataba-Mozarlândia, quando ainda era bispo desta igreja, Dom Carlinhos, e da Diocese de Uruaçu, Dom Messias, em meados de 2007. Isso aconteceu devido, principalmente, às dificuldades dos padres de Uruaçu chegarem aqui. Ele destacou que essa parceria das duas dioceses é um sinal de esperança. “A ajuda entre as igrejas, entre as comunidades, entre as dioceses, são sinais de esperança e nós já estamos no Jubileu 2025 com o tema ‘Peregrinos de Esperança’, quanta coisa boa pode acontecer quando a gente se junta”.
A Capela São José na Comunidade São José do Caiamar é confiada aos cuidados pastorais da Paróquia Santa Maria, Mãe da Igreja, de Nova América – Diocese de Rubiataba-Mozarlândia, mas pertence originalmente à Diocese de Uruaçu.
Sinais de esperança
Outro sinal de esperança, conforme Dom Agamenilton, foi a parceria entre os órgãos para fazer a reforma ser realizada e ele afirmou que, mais importante do que as paredes da igreja, é a colaboração e o esforço conjunto para fazer a obra acontecer. “Órgãos diferentes, com naturezas diferentes, com finalidades diferentes, mas que se encontram, se cruzam no que a gente chama de bem comum, todos e cada um, um ajudando o outro. Eu tenho esse dom, você tem esse outro dom, eu tenho isso para oferecer, o outro tem isso para oferecer, e nessa relação de solidariedade, de união, de cooperação, que no mundo seria o que chamamos de parceria, quanta coisa boa pode acontecer e aqui está uma coisa boa que ajudou a comunidade religiosa, que não é feita de pedras, mas é feita de gente, pedras vivas como ouvimos o Apóstolo, de pessoas que não vivem dentro da igreja, mas no mundo, comem, vendem, participam disso e daquilo e a comunidade religiosa ajuda a formar esses cidadãos através do evangelho”.
Reeducando
O bispo também citou os reeducando que foram fundamentais na realização da obra de reforma. “Temos aqui os reeducando que no passado cometeram um deslize e agora estão nesse processo de renascimento, de reinserção e essas comunidades ajudam essas pessoas a renascerem, sabe lá o que aconteceu no coração daqueles que aqui trabalharam. Aqui temos uma igreja nova que representa mais que isso, representa a beleza de uma comunidade que se mobilizou e se ajudou. Toda essa beleza aqui é sinal de uma beleza maior que muitas vezes não se vê com os olhos porque está na alma, mas quando essa alma se move a gente vê a união de uma comunidade, o diálogo entre os órgãos da sociedade civil, a capacidade de chegar aos consensos, isso é sinal de algo maior, homens e mulheres de várias idades, tem dons partilhados com os demais, nós morreremos e a Igreja ficará como outros morreram e nós a recebemos”.
Alessandra, assessora do promotor de justiça de Itapaci, elogiou a iniciativa e lembrou que o trabalho da promotoria vai além do ordenamento jurídico e realiza também atividades sociais junto aos conselhos das comunidades. “Aplicamos o dinheiro que vem dos nossos recursos, dinheiro da gaveta não tem, mas conseguimos fazer acordos e o dinheiro vai para uma conta e aplicamos na sociedade”.
Andressa, presidente do Conselho da Comunidade na execução penal na Comarca de Itapaci, órgão do judiciário, agradeceu a Deus pela realização da obra. Disse que o Pe. José Maria foi a força motriz desse processo. Ela mencionou que cada “pedra humana” que esteve nesses três meses de trabalho. “A gente sabe que Deus usou vocês aqui e estão diferentes de quando chegaram, obrigado por terem confiado em nós”, disse olhando para os reeducando e agradeceu a comunidade por sempre acolher bem.
Cristiano, um dos reeducando de Itapaci, que ficou 23 anos preso, disse que hoje é uma pessoa diferente, liberta com a graça de Deus. Ele agradeceu a Dra. Andressa pela oportunidade, ao delegado de polícia e ao Pe. José Maria. Disse que tentou muitos trabalhos, mas sem êxito devido ao preconceito. “Esse projeto é de Deus, foi ele que abençoou e podemos dizer que quem arrumou aqui fomos nós”, disse apontando para o teto da capela.
Por fim, o Pe. José Maria agradeceu a todos os parceiros que possibilitaram a realização da obra. “Aqui tudo foi reformado e eu só tenho a agradecer a todos os parceiros, a Promotoria, a Prefeitura de Nova América, ao poder público de Itapaci e aos reeducando, pode ser que nós aprendemos muito mais com vocês, parabéns, foi um bom tempo de convivência e nos tornamos irmãos”. Por fim a comunidade rezou pelos reeducando.
Ao final da missa, foliões de Santos Reis entoaram louvores ao Menino Jesus. Após a missa, foi oferecido almoço festivo aos participantes.