Passaram-se 50 dias desde que vivemos o grande acontecimento da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Tempo Pascal se conclui hoje, 19 de maio, com a Solenidade de Pentecostes, dia em que se cumpre a promessa de Jesus, que volta ao Pai e deixa conosco o seu Espírito para continuar a missão salvadora. A Palavra de Deus nos relata assim o acontecimento: “Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimirem” (At 2,2-4).
O relato apresenta o nascimento da Igreja. É partir daí que os apóstolos saem para evangelizar, batizar as pessoas e curá-las em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Igreja, então, começa a crescer, passa a ser uma Igreja apostólica e universal. De Jerusalém, onde se encontrava, a Igreja se expande por todo o mundo. Em Pentecostes conclui-se uma parte da Obra da Salvação, pois o Espírito prometido por Nosso Senhor Jesus Cristo vem até os apóstolos. No episódio de Pentecostes, o Espírito Santo sopra sobre eles por meio de línguas de fogo, do vento e do dom de línguas que eles falam e se entendem.
Pentecostes, para nós, significa a força do próprio Deus sobre sua Igreja. Nós, católicos, precisamos rezar ao Senhor pedindo um novo Pentecostes. Não como aquele que veio sobre os apóstolos, mas de forma contemplativa. Deus-Pai foi o criador do mundo e depois enviou o seu Filho, que é o redentor, que veio nos livrar dos pecados, abrir as portas da salvação. Sabemos que, posteriormente, Jesus Cristo tinha que voltar para junto do Pai, mas conforme está escrito, ele deixa seu espírito entre nós, que é o Espírito Santo para que vivamos uma vida nova. É com o Espírito Santo em nosso meio, que as nossas vidas ganham um sentido novo, isso porque o Espírito Santo está entre nós para nos santificar, para que cuidemos e cultivemos vidas santas. Quando levamos uma vida no Espírito, os recursos materiais, por exemplo, passam simplesmente a nos ajudar a viver bem esta vida espiritual e passamos a dar a importância que ela merece e viver a partir dos sete dons do Espírito Santo: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.
O Papa Francisco, em homilia proferida no dia 30 de abril de 2020, o comentou que “não podemos ser cristãos sem deixar que o Espírito Santo seja o protagonista da nossa vida”. Podemos renascer “daquele pouco que somos”, da “nossa existência pecadora” somente com a “ajuda da própria força que fez ressurgir o Senhor: com a força de Deus” e, por isso, “o Senhor nos enviou o Espírito Santo”. Foi o que recordou o pontífice ao celebrar a missa na Casa Santa Marta. Francisco se inspirou na resposta de Jesus a Nicodemos, proposta pelo Evangelho do dia (Jo 3,7-15). Jesus fala de “renascer do alto” e o papa traçou esse elo entre a Páscoa e a mensagem do renascimento.
Crisma
É com o Sacramento da Crisma que o cristão faz uma relação direta com o Espírito Santo. O crismando, ao ser ungido com o óleo do Crisma, se relaciona com o Espírito por meio dos sete dons. Nas cerimônias da Crisma, nós pedimos a Deus que o Espírito Santo desça sobre aquelas pessoas, que permaneça nelas, justamente porque ele é invocado para ajudar aquelas almas a superar as dificuldades da vida. No Sacramento da Crisma, o cristão renova as promessas do Batismo, portanto, trata-se de um reforço. Com o Espírito Santo, o cristão se renova, se fortalece e os dons do Espírito Santo existem para conduzir a pessoa até a vida eterna. Quando Jesus diz que vai para junto do Pai, ele quer dizer que vai deixar conosco o Espírito Santo, cuja função é esta: nos conduzir para o Reino de Deus. A Crisma é também um Sacramento próprio do bispo. Por ter recebido o terceiro grau da Ordem, ele tem essa função, a obrigação de conferir esse Sacramento. Somente em momentos especiais ele delega ao sacerdote, mas é própria do bispo, porque no episódio de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos. Por causa dessa passagem do Evangelho, nós continuamos essa tradição com os sucessores dos apóstolos, que são os bispos.
Pentecostes todos os dias
Embora o Domingo de Pentecostes seja como que um aniversário da Igreja Católica, ele não deve ser vivido só neste domingo. Pelo contrário: deve ser vivido todos os dias, porque ele é a própria vida da Igreja. Na Santa Missa, o sacerdote invoca o Espírito Santo para que se transforme o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo. Ao fazermos o sinal da cruz, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ele também está presente. Portanto, em todos os momentos o Espírito deve ser invocado. É fundamental ainda jamais nos esquecermos do Espírito Santo, ele não pode ser um desconhecido dos cristãos. Infelizmente, percebemos que o Espírito Santo ainda é um desconhecido, embora saibamos também que há muitos movimentos e congregações que tenham a missão de difundi-lo. É mais importante ainda que ele não fique no sentimentalismo, mas que atue verdadeiramente nas almas das pessoas. Ao viver profundamente o Espírito Santo, cultivamos uma vida capaz de superar desafios, angústias, depressão. Quando invocamos o Espírito Santo, Deus permanece presente em nossas vidas com os seus dons.
Invocação ao Espírito Santo
O Espírito Santo deve ser invocado continuamente em oração. A Oração ao Espírito Santo deve ser rezada em momentos de dificuldades, quando fazemos projetos de vida, mas também nos momentos de alegria e tristeza. Ao invocar o Espírito Santo, invocamos o próprio Deus, isto é, a terceira pessoa da Santíssima Trindade que vem ao nosso socorro. O Espírito toca nossa alma e consciência. Então, nós buscamos a Deus e pedimos o seu perdão.
Oração ao Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.