#Reflexões

Ensina-nos a orar (Lc 11,1)

Em preparação ao Jubileu Ordinário de 2025, o Papa Francisco nos convida a vivermos este ano de 2024 como um ano de oração. Assim o Santo Padre nos incentiva a procurarmos mais a oração e, sobretudo, nos ocuparmos mais da oração, a ponto de experimentarmos em nosso interior o interesse que Jesus despertou no coração dos discípulos, naquele dia relatado pelo evangelista Lucas: “Um dia Jesus estava orando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos’” (Lc 11,1). Nossa diocese nos convida a todos, como discípulos de Jesus que somos, a juntar nossa voz à voz dos primeiros discípulos e manifestarmos nosso desejo de aprender a rezar. Queremos entrar na escola de oração de Jesus para aprendermos com ele, com o sucessor do Apóstolo Pedro, com Maria Mãe de Jesus e com tantos mestres de oração da Igreja ao longo dos séculos.


O Papa Francisco nos recorda que “a oração é o respiro da fé, sua expressão mais própria. É como um grito silencioso que sai do coração de quem crê e confia em Deus. Não é fácil encontrar palavras para expressar esse mistério” . “A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes” , ensina São João Damasceno, e Santa Terezinha do Menino Jesus afirma que “a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”. Por isso o Santo Padre fala que “não é fácil encontrar palavras para expressar esse mistério” e acrescenta: “A oração, todavia , sempre se deixa descrever na simplicidade daqueles que a vivem. O Senhor, por sua vez, nos advertiu sobre o dever de não desperdiçar palavras quando oramos, imaginando que, por isso, seremos ouvidos. Ensinou-nos a preferir o silêncio e nos confiar ao Pai, que sabe nossa necessidade antes mesmo de pedirmos (cf Mt 6,7-8)” . Assim, prezados irmãos e irmãs, queremos destacar, neste texto, a importância e o valor do silêncio na oração, dado que o silêncio nos permite uma maior intimidade com Deus e conosco mesmos. Na medida em que avançamos na experiência da presença de Deus melhor nos encontramos a nós mesmos, como somos, como estamos, que sentimentos estamos vivendo. Dessa intimidade, de coração para coração, entramos em comunhão de sentimentos e de espí

rito com Deus, e aí as palavras nem são necessárias ou, por vezes, podem até atrapalhar.
Nas palavras de Santa Terezinha, quando rezamos em silêncio profundo, nosso coração se eleva até Deus e Deus desce ao mais íntimo de nosso ser. Só assim podemos chegar até o céu ou experimentar o céu no aqui e agora de nossa existência.


Aproveitemos esse ano preparatório como uma oportunidade a que a Igreja nos convida de vivermos com maior profundidade e interioridade nossos momentos de oração, que haverão de aumentar e se intensificar para chegarmos ao esperado Ano Santo 2025 mais próximos de Deus, em comunhão com ele e assim sermos agraciados com muitas graças e indulgências que a Igreja vai disponibilizar para nós que cremos e oramos no Ano do Jubileu.


Pe. Joaquim José Neto

[1] COMASTRI, Angelo. Rezar hoje. Prefácio do Papa Francisco, p. 7.

[2] S. João Damasceno, De fide orthodoxa, 3,24: 94,1089D.

[3] Santa Teresa do Menino Jesus, Ms. auto. C 25r.

[4] COMASTRI. Op. Cit. p.7.

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