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Santa Missa da Ceia do Senhor

Dom Agamenilton Damascena, nosso bispo diocesano, presidiu a Santa Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, na Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em sua homilia o bispo destacou que em unidade com as 14 paróquias as dioceses do mundo inteiro, as celebrações da Semana Santa reúnem o povo santo de Deus no amor de Cristo. Conforme afirmou, “o tríduo pascal nos possibilita realizar o que a Igreja nos convida neste Ano Jubilar: redescobrir a esperança, o perdão e a comunhão com Deus e com os irmãos e colocar novamente Cristo no centro da Igreja e de nossas vidas”. Ele também explicou que na celebração da Ceia do Senhor tornam-se presentes três mistérios deixados por Cristo em seus últimos dias na terra: a instituição da eucaristia, o sacerdócio ministerial e o mandamento novo. A homilia completa desta celebração pode ser lida abaixo.

HOMILIA
MISSA DA CEIA DO SENHOR
Rubiataba, 17 de abril de 2025.

Meus irmãos e minhas irmãs, entramos na páscoa do Senhor! Neste ano, esta celebração assume um valor especial por ela acontecer em ano jubilar – peregrinos de esperança. São 2025 anos do nascimento de Jesus Cristo, o menino Deus, que veio ao mundo não para nos condenar, mas para nos salvar. E realmente nos salvou! Por meio das celebrações litúrgicas com seus ritos e símbolos torna-se presente o mistério da morte e ressurreição de Jesus. Essa graça alcança todo aquele que em Jesus crer. Por meio dos ritos e símbolos experimentamos a força renovadora da páscoa de Jesus.
Vivenciaremos os mistérios do Senhor em comunhão com as 14 paróquias da diocese e nossa diocese em união com as 2.249 dioceses do mundo em união com papa Francisco. É o povo santo de Deus, povo sacerdotal, povo de reis, reunido no amor de Cristo.
O tríduo pascal nos possibilita realizar o que a Igreja nos convida neste Ano Jubilar: redescobrir a esperança, o perdão e a comunhão com Deus e com os irmãos e colocar novamente Cristo no centro da Igreja e de nossas vidas.

Nesta celebração da Ceia do Senhor se tornam presentes três mistérios que nos foram deixados por Cristo em seus últimos dias na terra: a instituição da eucaristia, o sacerdócio ministerial e o mandamento novo.
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Instituição da Eucaristia
“Isto é o meu corpo... isto é o meu sangue... dado por vós”. Com essas palavras, durante a celebração da páscoa judaica, Jesus transformou aquela ceia em uma nova ceia; a antiga aliança foi elevada à nova e eterna aliança. Deus se uniu com a humanidade de modo novo: unindo-se a nós, dando a sua vida por nós, a vida de Deus em nós, a comunhão. Jesus quis ficar conosco, não simbolicamente; não como uma ideia, não como algo que eu fecho os olhos e imagino que ele esteja alí. Nada disso. É Deus conosco, presença real: corpo e sangue, alma e divindade.
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Queridos irmãos e irmãs, não está aqui uma fonte de esperança, perdão e comunhão?
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A Eucaristia é alimento dos que caminham, presença que sustenta, amor que se doa até o fim. Por isso, esperemos no Senhor. A esperança não decepciona.
Saber que Deus é conosco, está entre nós, não nos enche de alegria? Esta presença não nos dá força para seguirmos adiante? Diz-nos Jesus: “Não estou eu aqui continuamente dando a minha vida por você? Não estou eu aqui que sou seu salvador?” A eucaristia nos dá esperança.

Neste Ano Santo, renovemos nosso amor à Eucaristia, redescubramos o dom da missa, da comunhão e da adoração.

O Sacerdócio ministerial
“Fazei isto em memória de mim”. É a ordem de Jesus. O que isso implica? Quais são as consequências?
Fazer isto em memória de mim é realizar um culto. O culto é comunitário, pressupõe uma comunidade para celebrar. A celebração requer alguém para presidi-la. Este alguém é o ministro ordenado: bispo e padre, cabeça e pastor da comunidade. Na Ceia do Senhor ocorreu a primeira ordenação: 12 homens foram ordenados bispos para “fazer isso em memória de mim” mediante o culto e a vida.
Posteriormente, os bispos ordenaram os padres que prosseguem no tempo a memória de Jesus que nos amou até o fim.
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Irmãos e irmãs, cada padre é por natureza sinal visível da presença e do amor de Deus por todos. Com um olhar que acolhe, uma escuta que conforta, uma presença que não abandona. Muitas vezes, a simples presença do padre, sem precisar dizer nada, já comunica que Deus está ali. Na Eucaristia, os padres são instrumentos daquele que é o verdadeiro Pão da Esperança. No confessionário, eles são canais da misericórdia que cura e levanta. Em cada batismo, cada bênção, cada visita aos doentes, os padres levam o consolo divino. Onde há um padre, há esperança de vida eterna.
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Faltam padres. Nós passaremos e quem virá depois de nós? Estive na arquidiocese de Porto Velho, Rondônia. O bispo de lá me disse que 80% da arquidiocese não tem missa frequente por ausência de padres. Redescubramos o valor dos padres e que esta forma de vida encante muitos jovens da Paróquia Nossa Senhora da Glória e da diocese e os leve a dizer sim ao chamado de Deus.


Mandamento novo
O último dom que Jesus nos faz na última ceia também nos ajuda a redescobrir a esperança, o perdão e a comunhão com Deus e com os irmãos e a colocar Cristo no centro.
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Na última ceia, enquanto o diabo enchia de egoísmo o coração de Judas e o apóstolo seguia somente a sua vontade, o coração de Jesus transbordava de amor que é puro dom de si, é mais pensar no outro que em si mesmo, é fazer da vontade do Pai a sua vontade. …… “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.


“Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
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Nestes dois mil e vinte cinco anos, a Igreja Católica acumulou centenas de testemunhos do amor-serviço. Cada santo e santa canonizado é um exemplo disso. Pensemos nos primeiros cristãos. …… Tertuliano, no ano 197, ao descrever a comunidade cristã para as autoridades romanas escreveu o que os pagãos diziam dos cristãos: “vejam como eles se amam”, enquanto os pagãos se odiavam; “vejam como eles estão prontos para morrer um pelo outro”, enquanto os pagãos estavam sempre dispostos a matar o outro (Tertuliano, Apologetico, XXXIX, 7).


Podemos também citar a criação dos hospitais, das universidades, do direito internacional, da defesa dos escravos indígenas e africanos.


Nos primeiros anos da prelazia de Rubiataba e da diocese Rubiataba-Mozarlândia os bispos favoreceram leigos para estudarem enfermagem e se formarem em professores para ajudarem o povo sofrido.
Também existiriam os postinhos de saúde, os filtros de barro distribuídos por Pe. Geraldo, em Araguapaz; a mediação de Dom Carlinhos para resolver os conflitos agrários; as ações da Sociedade São Vicente de Paulo; as freiras e padres professores; as arrecadações de alimentos; a associação Vida Nova; as iniciativas paroquiais e individuais para acudirem as pessoas no tempo da pandemia da covid.


Esses são alguns exemplos de lava-pés. Há tantos outros que somente Deus sabe. Em cada gesto, um sinal de esperança de um mundo melhor. Todo gesto de caridade traz consigo a força de suscitar no próximo o que ele tem de melhor, pois amor gera amor; a força criativa é o amor. Por isso, lavar os pés uns dos outros é sinal de esperança. Este gesto, que exige humildade de quem o faz, sinaliza um mundo novo presente entre nós nascido da páscoa de nosso Senhor. Há muitas pessoas boas na comunidade. São elas que seguram as famílias, a paróquia e a cidade e não as deixam se tornar um inferno. São elas que, movidas pelo Espírito Santo, transformam nossos ambientes em um pedaço de céu.
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Os dias de hoje são diferentes daqueles do início da diocese. Lendo os documentos pastorais do passado, noto que alguns desafios foram superados, outros permanecem e alguns são novidades. Papa Francisco, ao proclamar o jubileu, nos chama a ser sinais palpáveis de esperança para irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldades e assim lavarmos os pés do próximo. O papa nos indica estas pessoas: …… encarcerados, doentes, jovens, os migrantes, os idosos e os pobres a quem falta o necessário para viver. Ele também nos pede sinais de paz e abertura à vida pela geração de novos filhos.

Meus irmãos e irmãs, neste Ano Santo de 2025, a Eucaristia nos envia: “fazei isto em memória de mim”. Ao participarmos deste altar, ao contemplarmos o lava-pés, ao permanecermos em vigília adorando o Santíssimo Sacramento, abramos nosso coração para a páscoa que o Senhor quer realizar em nós. Que este tríduo pascal no ano jubilar não passe em vão. Que sejamos eucaristia viva, mãos que lavam, corações que perdoam, vidas que se doam.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Santa Missa da Ceia do Senhor

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